domingo, 20 de janeiro de 2013

Pindoba

A SAGA DE PINDOBA

“Pindoba era seu nome, segundo seu pai, nome de uma árvore que havia na África. Filhos de escravos, portanto um escravo também.
A história aconteceu no ano de 1880, na fazenda de um rico cafeicultor chamado Senhor Leopoldo, que tinha dois filhos: Pedro e Júlio, com os quais Pindoba sempre brincava. Eles saiam para brincar na mata de caçar. Pindoba tinha tiros certeiros de estilingue ou de bodoque e sempre os garotos não dispensavam sua presença nas caçadas.
Logo os meninos foram crescendo e o Sr. Leopoldo mandou os filhos para estudar na Europa e nas férias voltavam para a fazenda e tinham Pindoba como companhia nas aventuras de caça e desta vez caçavam um grande jaó, tiraram fotos e deixaram para revelar em Paris.
Assim que chegaram em Paris, mandaram revelar as fotos e quando as viram, Júlio disse surpreso:
- Pedro, veja esta foto. Tenho certeza que nãoo foi batida por nós. 
Na foto estava Pindoba segurando não só um jaó, mas um carneirinho.
Pedro concluiu:
- É verdade, esta foto não foi batida por nós e na fazenda não temos carneiros.
Os filhos voltaram para a fazenda e contaram ao pai que também ficou surpreso e espalhou a notícia por toda a fazenda. Os outros escravos começaram a julga-lo com poderes especiais para realizar curas.
Até que o Sr. Leopoldo procurou o padre e contou sobre os acontecimentos. O padre chamou Pindoba e conversaram. O padre pediu para que falasse tudo de sua vida e Pindoba disse que a única coisa que sabia era que fazia aniversário dia seis de Agosto e que fora o próprio padre que o batizara.
E o padre lhe disse:
- Então você nasceu no dia da transfiguração do Senhor. Neste dia, Jesus chamou três apóstolos: Pedro, João e Tiago, e foi com eles até o mais alto monte; Tabor, e lá se transformou por alguns minutos em uma criança linda.
Pindoba ficou contente, pois nascera num dia muito bonito e o padre não concluiu nada sobre o que aconteceu com ele.
O tempo foi passando e logo chegaram outras férias e novamente os filhos do Sr. Leopondo voltaram para a fazenda. Pindoba já estava com dezenove anos. Pedro havia adquirido o hábito de jogar cartas e estava devendo muito dinheiro no cassino lá em Paris.  Não pensou muito e pegou um dinheiro que seu pai guardava e escondeu no fundo da mala e voltou para Paris.
Logo Srº Leopoldo deu falta do dinheiro e desconfiou de Pindoba, pois ele tinha regalias dentro da casa. Mandou chamá-lo e Pindoba negou. Mesmo assim o Srº Leopoldo ficou desconfiado e reuniu cinco homens e ordenou:
- Levem esse negro para as Minas Gerais. Quando atravessarem o Rio Grande, acabem com ele. Até se ele confessar o roubo, tragam-no de volta para que seja preso.
Pindoba foi amarrado por uma corda e puxado pelos cavaleiros que o levaram. A caminhada até Rio Grande ficava uns 100 kms e seu estado físico era lastimável. Já no terceiro dia não resistiu; sangrava muito. Então decidiram enterrar Pindoba até a altura dos ombros e assim o deixaram para que morresse ali mesmo.
Na região o fato passou a ser contado de boca em boca. Muitas pessoas passaram a fazer promessas à Pindoba. Todos diziam tratar-se de um santo martirizado. Uma cruz foi plantada no local e uma pequena cobertura com outra cruz em cima. As promessas mais comuns que fazem ao Pindoba é uma caminhada da cidade até o local da pequena capela onde as pessoas rezam terços e deixam objetos como forma de agradecimento às graças atendidas.
Bibliografia:
“Contos que eu conto”
Geraldo Napolitano”


                                    12ª CAMINHADA À CAPELA DO PINDOBA


Dia 20.01.2013, dia de São Sebastião, Padroeiro de Guaíra, acontece a 12ª Caminhada à Capela do Pindoba. Conforme vocês leram acima, trecho extraído do livro Contos que eu Conto, de Geraldo Napolitano, Pindoba foi um negro escravo, acusado e morto injustamente por um crime que não cometeu. Sua história foi sendo contada através dos tempos e logo surgiu a crença popular de que quem fizesse uma promessa para o Pindoba era atendido. Normalmente a promessa era  uma caminhada até onde ele foi enterrado, onde era deixado alimentos e água e depois a pessoa fazia uma oração ou rezava um terço.
Estive la para fazer também esta caminhada e fazer um registro histórico desta manifestação popular religiosa muito importante na região.
Como todo Guairense ou ex morador de Guaíra, acompanho as noticias da cidade através do Jornal A Cidade.  O Jornal se modernizou e eu vejo as noticias através da internet ( http://www.oguaira.com.br/ ).
Estava marcado a saída da caminhada para as 04 horas da manhã, em frente à Campofert. Cheguei la as 04:30 e já não tinha mais ninguém no local combinado. O pessoal realmente vai bem cedo. Depois fiquei sabendo que na verdade os peregrinos saem de diversos pontos da cidade e em horários diferentes. Cada um faz o seu horário, de acordo com sua capacidade de caminhar. Na verdade todo mundo quer fugir de caminhar no sol.
Durante o caminho fui encontrado pessoas conhecidas e logo a gente já estava em um pequeno grupo, caminhando na    mais completa escuridão.
Quando o sol finalmente apareceu, constatei que havia muitos caminhantes, apesar de estarem um poucos distantes uns dos outros.
Constatei também que existe um apoio excelente colocado à disposição dos caminhantes. Tem distribuição de  água, ambulância e ônibus para o pessoal retornar.
Bom, como todos já sabem, minhas "reportagens" são fotografias e filmes amadores, que agora, aos poucos vou colocando à disposição do público em geral.
Este ano a caminhada foi especial, pois teria a inauguração da nova Capela. Segundo o  Orlandinho, que liderou o movimento de arrecadação em prol da construção da nova Capela, a Capela antiga, sem manutenção adequada, estava praticamente caindo.

Vejam algumas fotos:

Capela, em 2008, ainda em bom estado de conservação


Capela atual.

Para ver os vídeos da fotos e filmagens,  clique no link abaixo e  acesse nosso canal no youtube: